A melhor forma de investir numa reforma dourada
Conheça os activos e as estratégias para ter um complemento de reforma confortável quando os “anos dourados” baterem à porta.
Os investidores nacionais são, por norma, avessos ao risco. Têm medo de perder dinheiro, de correr riscos com potenciais perdas mesmo que isso possa significar ganhos substanciais. Por isso, não é de estranhar que os certificados de aforro, os depósitos a prazo, alguns produtos de "capital garantido" e os planos de poupança-reforma (PPR) mais defensivos sejam os instrumentos financeiros predilectos dos portugueses, independentemente dos objectivos e prazos de investimento estipulados.
Todavia, numa estratégia de investimento de médio e longo prazo, como é a construção de um complemento de reforma chorudo, este "conservadorismo exacerbado" poderá mesmo ter um efeito perverso na carteira dos investidores, dado o efeito corrosivo da inflação e da carga tributária. Os fundos PPR, por exemplo, na última década tiveram uma rendibilidade média anual de 1,14%, segundo dados da CMVM, mas a taxa de inflação anual média foi de 2,37%. Isto significa que, quem subscreveu um fundo PPR há 10 anos tem estado a perder, em termos reais, 1,21% por ano desde 2001. Assim, torna-se claro que construir um pé-de-meia para os "anos dourados" recorrendo apenas a produtos de baixo risco pode não dar muito frutos. Assim se quer poupar durante vários anos e alavancar os seus rendimentos, o melhor é começar aceitar tomar alguma dose de risco.
Acções com fartura para investidores de longo prazo
Apesar de o mercado accionista ter desiludido os investidores na última década, com as acções mundiais a registarem uma rendibilidade média anual de 0,47%, continuam a ser o activo mais rentável no longo prazo. De acordo com um estudo realizado por Elroy Dimson, Paul Marsh and Mike Staunton, da London Business School, ao desempenho de 17 bolsas mundiais durante 109 anos, as acções tendem a apresentar uma rendibilidade média anual de 5,2% acima da inflação.
Richard Turnill, responsável pela equipa de acções globais da BlackRock, justifica o bom desempenho histórico das acções com base nos dividendos distribuídos pelas empresas. Segundo o especialista, "historicamente, 90% da rendibilidade das acções norte-americanas no último século foi gerada pelos dividendos" e "desde 1970, mais de 80% do desempenho das acções europeias adveio da combinação entre a valorização da acção e do crescimento real dos dividendos", refere o especialista numa nota de ‘research' enviada aos clientes do banco em Dezembro.
Neste sentido, a aposta em acções da Coca-Cola, actualmente a cotar com uma taxa de dividendos de 2,77% e que há 47 anos consecutivos distribui dividendos, ou os títulos da EDP e France Telecom- que nos últimos cinco anos aumentaram gradualmente os dividendos e hoje apresentam uma taxa de dividendos superior à média do sector- são opções a estudar. As empresas a operar no sector petrolífero, dos serviços básicos (‘utilities') e das telecomunicações são, por norma, mais generosas com os accionistas na distribuição de rendimentos que as demais. Para os investidores menos à vontade com o investimento directo em acções e até para as carteiras mais avessos ao risco, os fundos cotados que apostam em empresas com elevadas taxas de dividendos são uma alternativa às acções. É o caso do iShares DJ Euro Stoxx Select Dividend, cotado na praça alemã de Frankfurt, que nos últimos 12 meses registou uma rendibilidade líquida de 13,40%. Ao investir neste fundo cotado os investidores estão a apostar num cabaz constituído pelas 30 empresas da zona euro com as mais elevadas taxas de dividendos ao mesmo tempo que, trimestralmente, podem contar receber dividendos equivalentes a uma taxa média de 3,81%.
Coloque a sua reforma nas mãos de profissionais
A solução mais simples à disposição dos investidores nacionais para constituírem um complemento de reforma, passa pelos "fundos de vida" ou "fundos objectivo". Estes instrumentos são desenhados com o propósito de trabalharem directamente por si, como resultado da política de gestão destes fundos permitir a realização de uma troca automática das posições accionistas por títulos menos arriscados com o passar do tempo, adoptando assim um portefólio mais conservador à medida que a idade de reforma se aproxima. Isto significa que, por exemplo, se estiver a pensar reformar-se em 2030, pode alocar parte das suas poupanças no Fidelity Target 2030 e deixar o bolo crescer em piloto automático nas próximas duas décadas. Ao fim desse tempo, estará pronto para recolher os frutos de 20 anos de poupanças. Só tem dois inconvenientes: as mais-valias geradas são tributadas a 21,5% e apenas permite reforços a partir de 1.000 euros. Estas são barreiras que os subscritores do BPI Reestruturações não enfrentam. Além de permitir reforços desde 25 euros, como é um fundo português a tributação é feita internamente a uma taxa inferior. Mas não é só por isso que o BPI Reestruturações merece ser um dos pilares de um portefólio centrado para a reforma.
Sob a liderança de Virgílio Garcia, o BPI Reestruturações contabiliza uma rendibilidade média anual líquida de impostos e de comissões de gestão de 5,15% no último quinquénio e de 4,86% desde a sua data de lançamento a 4 de Dezembro de 2000, sem que isso tenha justificado uma estratégia de investimento mais arriscada que o seus concorrentes. São poucos os fundos à venda no mercado nacional com tal desempenho.
fonte:economico.sapo