Produtos de poupança do Estado perdem 1,2 mil milhões em dois anos
O contributo dos Certificados de Aforro e do Tesouro para financiar o Estado é negativo.
Poupança tem sido a palavra que os portugueses mais têm ouvido nos últimos tempos. No entanto, os dois produtos lançados pelo Estado para captar o dinheiro dos aforradores acumulam um saldo líquido negativo superior a mil milhões de euros nos últimos dois anos. De acordo com os dados do IGCP, os Certificados de Aforro apresentam subscrições líquidas (subscrições menos resgates) negativas de 2,06 mil milhões de euros desde Fevereiro de 2009. O contributo líquido positivo dos Certificados do Tesouro desde o seu lançamento em Julho passado, de 896 milhões, revela-se insuficiente para anular o prejuízo. Contas feitas, os dois produtos de poupança do Estado perdem um montante conjunto total de 1,2 mil milhões de euros em dois anos.
"A razão tem a ver com o facto de as taxas dos Certificados de Aforro serem muito baixas. No caso dos Certificados do Tesouro, julgo que o facto de ser um produto relativamente novo, pouco publicitado e insuficientemente promovido, apesar de oferecer taxas muito atractivas, ainda não mereceu uma grande adesão dos portugueses que têm poupanças", justifica Filipe Silva, gestor de mercado de dívida do Banco Carregosa. A preferência cada vez maior das famílias por outros instrumentos de poupança, como os depósitos, é a razão apontada pelo economista da IMF, Filipe Garcia, enquanto que João César das Neves coloca o cenário económico como principal responsável. "A situação económica não está de molde a facilitar grandes poupanças e acesso ao crédito interno. Além disso, o Estado português apostou há década e meia no financiamento internacional, invertendo a estrutura da dívida", sublinha o economista.
fonte:http://economico.sapo.pt/