Desde o início do PSI-20, no final do ano de 1992, que o índice português de acções tem crescido cerca de 5,30% ao ano. No entanto, e apesar de as acções poderem obter grandes rendibilidades, apresentam também grande risco, não sendo recomendadas aos investidores mais conservadores. Além do mais, investir em acções, sem qualquer conhecimento, poderá ser bastante prejudicial para a sua conta bancária. Assim, o Saldo Positivo vai ajudá-lo a compreender melhor o mundo das acções.
Antes de mais, é importante referir que as acções são títulos emitidos por Sociedades Anónimas. Estes títulos demonstram que o seu titular possui uma parte do capital da empresa, ou seja, é co-proprietário da sociedade que as emite. Quando investe, tem de ter em conta que quanto maior é o potencial de ganhos, maior é também o risco inerente.
É importante que conheça todos os factores antes de começar a investir
É importante que conheça todos os factores antes de começar a investir Saiba que existem alguns indicadores que podem ajudar a maximizar os lucros e a diminuir o risco:
Lucros por acção
Os lucros por acção (LPA) apresentam o resultado líquido da companhia dividido pelo número total de acções. Este indicador permite ao investidor saber qual o proveito da empresa, podendo até comparar o resultado final com o estimado pelos mercados.
Por exemplo, a GALP Energia apresentou no final de 2010 um LPA de 0,42 euros, sendo que o mercado esperava que esse valor atingisse os 0,435 euros. Ou seja, o valor ficou aquém da média das estimativas dos analistas que acompanham o mercado e a empresa. Se, por ventura, os LPA superarem as previsões, os investidores tendem a reagir mais positivamente, já que poderá ser um sinal de que a companhia está a crescer a uma ritmo acima do esperado pelos analistas.
Price Earning Ratio (PER)
Este rácio é talvez dos mais utilizados pelos investidores e representa a relação entre a cotação da empresa e os seus lucros por acção. Este rácio permite verificar se as acções das companhias estão “baratas” ou “caras” em relação aos resultados líquidos que apresentam em cada ano. Este indicador apresenta algumas limitações, que deve conhecer. Por um lado, porque apenas demonstra o momento actual da empresa e nunca as perspectivas futuras. Já o PER estimado, tem por base uma projecção de lucros, sendo por isso uma análise mais relevante que o PER actual.
Por exemplo, se uma empresa apresentar um PER de 10 vezes e o PER do sector for de 15 vezes, a esmpresa, em teoria, está barata. Já se o PER da empresa for superior ao dos sector onde está inserida, então, em teoria, a cotação estará cara. No entanto, se o PER estimado for mais elevado do que o actual, a empresa poderá ter uma queda de resultados.
Cotação sobre o Valor Contabilísitico
Este rácio (em inglês, Price to Book Value) analisa o preço da acção da empresa, tendo em conta o seu valor contabilístico, ou seja, dos seus activos. Quando mais alto for este rácio, mais cara estará a cotação da empresa. Um rácio baixo significa que a empresa está barata, face ao mercado, e ainda que os investidores poderão estar a avaliá-la de maneira incorrecta.
Por exemplo, a Portugal Telecom apresenta um rácio de 5,70 vezes. Isto significa que se a PT entrar em incumprimento, apenas conseguirá pagar 1/5,70 das suas responsabilidades. Já o BCP, que apresenta um rácio de 0,47 vezes, conseguirá pagar quase o dobro das suas obrigações, em caso de falência.
Dívida Líquida sobre EBITDA
Este indicador é um rácio entre a dívida líquida da empresa e o indicador EBITDA (em inglês, Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortizations, ou seja, lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e é utilizado para verificar a saúde financeira das empresas. Se este rácio for elevado, quer dizer que a empresa está muito endividada, o que poderá ser visto com bons olhos por parte dos investidores, já que poderá significar que a empresa se está a expandir. No entanto, em alturas de depressão, o EBITDA elevado poderá significar que a empresa terá de pagar juros mais elevados, o que poderá penalizar os resultados anuais.
A título de exemplo, se uma empresa apresentar um rácio de 7 vezes a dívida líquida face ao EBITDA, a empresa está alavancada. Isto significa que a companhia teria que aplicar o seu resultado operacional durante sete anos para pagar a sua dívida.
Rendibilidade do dividendo
A rendibilidade do dividendo é um dos indicadores que os investidores mais apreciam. Este rácio permite saber se a empresa é ou não generosa para com os accionistas, no que toca à distribuição de lucros, por via dos dividendos. Quanto mais alto for o dividendo, mais rentável será o investimento para o accionista. Atenção que um dividendo alto nem sempre poderá ser sinónimo de elevada rendibilidade.
Por exemplo, a taxa de dividendo da Portucel é de 3,56%, tendo em conta o dividendo de 0,0825 euros e o valor das acções de 2,318 euros.
Há ainda mais algumas questões a ter em conta quando for investir, tais como o câmbio (caso opte por comprar acções em moeda estrangeira), os custos de transacção e ainda os impostos das mais-valias.
Atenção ao Câmbio
Na compra de acções em moeda estrangeira, o câmbio é um risco adicional à compra de acções. Isto porque, mesmo que os seus títulos cresçam, o câmbio poderá transformar os ganhos em perdas. Por exemplo, comprou cem acções da Microsoft a 24 dólares, à taxa de câmbio de 1,30 USD/EUR. Passado algum tempo, vendeu as mesmas cem acções a 25 dólares, com a taxa de câmbio a cifrar-se nos 1,34 USD/EUR. Apesar de ter um lucro de cem dólares, em euros teve uma perda de 6,57 euros, transformando o que parecia um ganho num mau investimento.
Custos de transação podem prejudicar
Os custos de transacção também são um elemento importante nas compra e venda de acções. Podem limitar os ganhos e acentuar as perdas, na medida em que é sempre valor que sai das mais-valias e que entra directamente na conta da sua corretora ou instituição financeira. Procure sempre os intermediários financeiros que apresentem os custos de transacção mais baixos.
Não se esqueça dos impostos
Os impostos sobre as mais-valias também poderão ser importantes para definir o momento da venda dos seus títulos. A partir de Julho de 2010, a taxação das mais-valias bolsistas começou a ser diferente dos anos anteriores. A Lei nº15/2010 veio introduzir uma taxa de 20% em sede de IRS sobre as mais-valias bolsistas. Antes disso, a tributação era de 10% e apenas em acções detidas em períodos inferiores as 12 meses. A partir de Julho de 2010, todas as mais-valias começaram a ser taxadas. No entanto, há excepções, como refere a Lei, “o saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias resultante da alienação de acções, obrigações e outros títulos de dívida detidos por fundos de investimento durante mais de 12 meses, está excluído de tributação, excepto quando obtido por fundos de investimento mistos ou fechados de subscrição particular aos quais se aplicam as regras previstas no Código do IRS”.
Se é um pequeno investidor, fique a saber que está prevista a isenção do pagamento do imposto até ao valor de 500 euros anuais de mais-valias, como pode ler no artigo 4º do diploma.
fonte:saldopositivo