Bancos tremem: como salvaguardar as suas poupanças?
Euro continua na mira dos mercados e sector financeiro dá sinais de fraqueza. Neste cenário, fomos à procura das melhores soluções para o seu dinheiro
A reunião de emergência dos líderes dos 17 do euro, há duas semanas, conseguiu estagnar o problema, mas não resolvê-lo. Os responsáveis políticos aprovaram um conjunto de medidas para ajudar a Espanha e a Itália a combater uma crise que, iniciada em 2008, já levou à queda de bancos - considerados, até então, como «demasiado grandes para cair», a começar pelo Lehman Brothers - e o resgate de quatro países europeus - Grécia, Irlanda, Portugal e Chipre. Mas são medidas a curto prazo que não satisfazem os mercados, nem tranquilizam ninguém.
O rastilho esteve quase a fazer fogo nas últimas eleições gregas. Depois do caos político originado nas primeiras eleições, os gregos foram chamados de novo às urnas. Pelo meio, os bancos sofreram uma verdadeira corrida aos depósitos: os gregos tiraram cerca de 800 milhões de euros por dia das instituições financeiras. No último ano, 32 mil milhões de euros foram retirados dos bancos daquele país.
Semanas depois foi a vez dos bancos espanhóis reconhecerem o inevitável: precisam de ajuda. Contaminada por uma bolha imobiliária, a Espanha está no fio da navalha. Só a principal companhia hipotecária do país, o Bankia, precisa de 19 mil milhões de euros para sobreviver, apesar de já ter recebido uma injeção de 4 mil milhões de euros no início de maio. União Europeia e FMI garantem uma ajuda de 100 mil milhões para o setor financeiro. Uma ajuda que não evitou a saída de 97 mil milhões de euros do país nos primeiros três meses do ano, umritmo recorde, de acordo com o Banco de Espanha.
E se Vítor Gaspar disse, em entrevista ao «Expresso» em dezembro de 2011, que «o cenário de saída do euro é uma dramatização mediática sem qualquer fundamento», a verdade é que há cada vez mais vozes a defender essa alternativa. O economista Nouriel Roubini, famoso por ter sido o primeiro a prever a crise económica, diz mesmo que a probabilidade é de 85%.
No pior cenário, como podem as famílias salvar as suas poupanças? «Essa é uma questão muito complicada já que se trata de uma situação inédita», começou por dizer à AF Luís Gonçalves, corretor do Banco Carregosa.
Olhemos ao pormenor. No caso dos certificados de aforro ou do Tesouro, considerados há uns anos como de «risco zero», uma vez que têm o Estado como garantia, revelam-se, agora, instáveis. «O que antes era uma segurança, agora é um risco», explica Luís Gonçalves, referindo-se à hipótese de Portugal seguir as pisadas da Grécia e ser obrigado a renegociar a dívida junto dos credores. Aí, o aforrador perderá, certamente, algumas das suas poupanças.
E os depósitos bancários? «Estão salvaguardados pelo fundo de garantia de depósitos», que protege as poupanças à ordem e a prazo. Além disso, os bancos nacionais têm ao seu dispor a linha da troika, no valor de 12 mil milhões de euros, uma espécie de «almofada» à qual algumas instituições já tiveram de recorrer. Mesmo assim, o especialista é prudente: «Não se sabe o futuro. Se o euro cair não se sabe o que acontecerá às poupanças».
O cenário mais comum será de uma desvalorização parametade da nova moeda face ao atual euro, com consequências diretas no montante guardado no banco.
A solução parece ser então os depósitos em moeda estrangeira? «Há sempre o risco cambial, já que este terá sempre de ser convertido na moeda nacional».
Já se colocar as poupanças num banco de outro país europeu, em princípio, «o banco não poderá converter as suas poupanças para o escudo, porque o contrato é em euros», explicou o corretor, ressalvando: «Mas não sabemos se o Governo poderá ou não exigir aos portugueses que convertam tudo para a nova moeda. A verdade é que não se sabe».
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt/