IGCP vai apostar em produtos de poupança superiores a um ano
O presidente do IGCP revelou esta quarta-feira que quer alargar o tipo de produtos de financiamento. E deu alguns exemplos do que já foi feito dentro e fora de Portugal e que poderá ser aproveitado.
João Moreira Rato diz que o organismo responsável pelo financiamento está a analisar novas formas para colmatar as necessidades do País. Os novos produtos de retalho serão “focados em prazos mais longos, para complementar a oferta em prazos superiores a um ano, olhámos para o que existe em França. Em França há vários tipos de obrigações do Tesouro que são cotados em bolsa, através de intermediários”, explicou durante a conferência II Fórum Crédito e Educação Financeira", organizada pelo "Diário Económico" em Lisboa.
O responsável salientou que as famílias têm conseguido aumentar as suas poupanças. “A taxa de poupança voltou à média histórica de 11,2%, próximo da média da última década” e “a tendência é para aumentar.” Moreira Rato explicou que “as poupanças estão distribuídas por várias classes de activos. Numerário e depósitos são uma parte importante da poupança das famílias”, sendo que “as aplicações estão concentradas em prazos curtos, abaixo de um ano. Tudo o que é prazos acima de um ano há uma oferta limitada.”
E foi “esta falta de oferta que há em prazos mais alargados que levou várias empresas a fazer emissões a retalho no ano passado”, como o caso da EDP, da Portugal Telecom, Brisa, Semapa, o grupo Sonae.
“É este segmento do mercado que o IGCP tenciona explorar”, salientou o responsável, acrescentando que “na nossa estratégia de regresso aos mercados é muito importante diversificar as fontes de financiamento.”
O responsável adianta que o “mercado de retalho desempenha um papel importante, apesar de em volumes menores do que Bilhetes do Tesouro ou Obrigações do Tesouro”, acrescentando que o “retalho tem vindo a diminuir de importância em termos relativos desde 2007.”
“No IGCP pensamos que isto não faz sentido. O retalho dentro da dívida do Estado devia desempenhar um papel mais importante.”
“Houve alterações a meio do caminho das regras dos Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro que limitaram o retorno para os investidores. Os aforradores reagiram levantando os Certificados de Aforro e o crescimento dos Certificados do Tesouro foi mais lento do que se previa. O primeiro passo foi tomado no Verão passado, para reverter a diminuição dos Certificados de Aforro aumentando as taxas de juro. A ideia não era aumentar o volume mas estancar a saída, e é o que tem acontecido nos últimos meses.”
“Em Itália explorou-se mais o retalho e as BTP para o retalho. Em prazos muito variados. No IGCP pode fazer sentido uma oferta que pode variar entre taxas fixas e variáveis, mas isso está a ser estudado.”
“Irlanda há as prize-bonds, com sorteios de prémios, um produto peculiar que poderia fazer sentido para o IGCP explorar.”
“Vai ser sempre importante para o IGCP que os aforradores entendam os produtos, para não repetir a perda de credibilidade que aconteceu com os Certificados de Aforro”, acrescentou.
“A comunicação tem de ser clara, e quando se emite em prazos mais alongados pode haver perda de capital no mercado secundário. Ter a certeza que os investidores estão bem informados, conforme o produto que for desenhado.”
“O IGCP está a trabalhar em desenhar produtos de prazo mais alargado para o retalho, desde taxas crescentes a fixas, será crucial que a informação dada aos investidores seja clara e com noção dos riscos envolvidos.”
“Espero ter mais novidades nos próximos três ou quatro meses”, adiantou.
fonte:http://www.jornaldenegocios.pt