Saiba como os ricos investem as suas fortunas
Só as sociedades gestoras de fortunas administram mais de 58 mil milhões de euros, de acordo com os últimos dados da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Este valor é inferior àquele que era aplicado há três anos - altura em que movimentavam 70 mil milhões de euros -, mas mesmo assim é superior ao montante total aplicado pelos aforradores portugueses em certificados de Aforro e em fundos de investimento, incluindo fundos estrangeiros, e duplicou em oito anos (em 2000 fixava-se nos 11 mil milhões de euros).
"Apesar de ser muito o capital administrado pelas 45 entidades financeiras que actuam no negócio de gestão de fortunas, apenas uma pequena parte pertence a investidores particulares", revela a última análise feita pela "Proteste Investe".
De acordo com a mesma, os números compilados pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património - que detém cerca de 90% do mercado - revelam que só 1% do valor assente em contratos de gestão individual de carteiras pertence a particulares, ou seja, equivalente a 580 milhões de euros. "Os principais clientes das sociedades gestoras de património são fundos de pensões, de investimento e entidades institucionais, como fundações", refere o documento.
Aposta certa As obrigações do Tesouro são consideradas um "bom investimento" pelos especialistas das gestoras de fortunas. De acordo com a análise, a aplicação das carteiras de gestão individual de activos em dívida pública nacional aumentou mais de 43% nos 12 meses que terminaram em Março. Esta subida deverá manter-se, uma vez que, "nos últimos meses, a redução dos preços a que as obrigações do Tesouro são negociadas conduziu a um aumento do rendimento que estes títulos podem dar aos aforradores". Por isso mesmo, muitos investidores começam a achar que adquirir títulos do Tesouro é um bom investimento, já que aproveitam as cotações baixas e o rendimento potencial se os mesmos forem mantidos até à maturidade (ver gráfico em baixo).
Desta forma, tal como já se começa a verificar nos investidores particulares "mais modestos", o investimento em obrigações é o principal destino do património por parte das entidades que gerem fortunas, já que absorve quase dois terços do dinheiro em contratos de mandato de gestão individual.
Ao mesmo tempo, as sociedades financeiras também apostam em fundos de investimento (principalmente se forem geridos por entidades estrangeiras) e em acções (principalmente europeias, incluindo portuguesas).
Gestão de património Segundo a análise da "Proteste Investe", o mercado das gestoras de património está concentrado em duas - Caixagest, do grupo Caixa Geral de Depósitos, e F&C (ver gráfico ao lado -, que administram mais de metade do montante de gestão individual em Portugal. "As sete maiores sociedades entre as 45 em actividade concentram mais de 90% do mercado", refere a mesma análise.
Mas a verdade é que, segundo a mesma, "não é barato ser cliente das gestores de patrimónios". Feitas as contas, as mesmas cobram, em média, uma comissão anual de gestão que é de 1,3% sobre o património. Ou seja, um valor que vai ao encontro do que é praticado com as comissões de gestão dos fundos mistos.
No entanto, os gastos não ficam por aqui. "Muitos gestores repercutem os custos de negociação de títulos nas fortunas investidas, o que, segundo eles, tenderá a ser marginal. Porém, o pior é pagar várias camadas de comissões", alerta o estudo.
O mesmo lembra ainda que mais de metade das sociedades investe em fundos de investimento e em "exchange-traded funds" (fundos cotados em bolsa) e, nestes casos, os investidores "além de pagarem a comissão de gestão à gestora de fortunas, pagam as comissões cobradas pelos fundos de investimento em que têm o dinheiro investido", acrescentando ainda que "no limite há três camadas de comissões".
Feitas as contas, além de pagar a comissão de gestão anual, o investidor tem de suportar todas as comissões dos gestores de fundos e dos gestores de fundos nos quais estes fundos investem. O estudo faz as contas e lembra que, "se, hipoteticamente, cada um cobrar 1,3%, o custo anual do aforrador é de 3,9%".
fonte:http://www.ionline.pt/art