Apesar da crise e dos rendimentos mensais serem cada vez mais curtos, a verdade é que muitos portugueses continuam a investir em produtos de poupança. Os depósitos a prazo continuam a captar o interesse dos consumidores apesar da taxa de remuneração ser cada vez mais curta, mas por outro lado, também são dos instrumentos financeiros mais fáceis de aplicar. O certo é que a instabilidade vivida no Banco Espírito Santo (BES) – e as ameaças de contágio ao sistema financeiro português – veio assombrar alguns portugueses que têm as suas poupanças nesta instituição. Mas os depósitos a prazo não são os únicos instrumentos de poupança acessíveis aos consumidores. A oferta é cada vez maior e há que ter alguma cautela na avaliação das opções.
Em primeiro lugar deverá definir o montante que poderá poupar e incluir esse valor no seu plano mensal de gastos. Investir nos produtos sem riscos é apontado como a melhor aposta para que haja uma garantia de que o dinheiro está de facto a ser rentabilizado
Depósitos a prazo
São seguros? Se é cliente do Banco Espírito Santo (BES) e tem, por exemplo, depósitos a prazo neste banco, é natural que as notícias em torno desta instituição financeira o deixem um pouco perturbado. No entanto, de acordo com a Associação de Defesa de Consumidor (Deco), neste momento não há grande motivo de preocupação.
E por várias razões: as irregularidades referidas foram detectadas na empresa ESI que detém 49,2% da ESFG. Esta é, por sua vez, o maior accionista do BES (detém 25,1% do banco), mas não é responsável pela situação financeira da ESI. A associação lembra ainda que o banco parece solvente e apresenta um rácio de solvabilidade Core Tier 1 de 9,8%, calculado em 31 de Março de 2014 segundo os critérios da Autoridade Bancária Europeia e acima do mínimo de 9% fixado por esta entidade (era 10,2% pelos critérios do Banco de Portugal cujo mínimo é de 10%). "Além disso, o aumento de capital efectuado pelo BES, em Junho, reforçou a sua solidez financeira e agora o seu rácio de solvabilidade Common Equity Tier 1 atinge 11,4%, bem acima do mínimo regulamentar de 7% agora em vigor com a implementação faseada das regras de Basileia III", salienta.
Além disso e, no caso do pior cenário, os consumidores beneficiam do Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular e inclui os juros até à data de indisponibilidade dos depósitos. Não se esqueça que abrange todos os depósitos obtidos por bancos sediados em Portugal e fora da União Europeia. "Neste momento, acreditamos que não há motivos de preocupações para o seu dinheiro depositado no BES, sobretudo se este não exceder o valor de 100 mil euros por depositante/titular", acrescenta a Deco.
Por isso se perdeu os receios em investir neste produto de poupança então prepara-se para receber taxas de remuneração pouco atractivas. A maioria dos depósitos até um ano está a pagar, em média, uma taxa anual líquida na ordem dos 2%. Se estiver a pensar em investir neste produto analise a concorrência porque as diferenças de juros são substanciais de banco para banco. Cuidado com os depósitos indexados: o mais provável é reaver apenas o seu capital ou ficar pelo rendimento mínimo.
Outros Produtos de investimento
Aforro e Poupança Mais
Mais atractivos O governo tem vindo a tentar captar a poupança das famílias para a dívida pública. Depois de, em Agosto de 2012, ter alterado as condições de remuneração dos certificados de aforro – em que os aforrados beneficiam de uma bonificação de 225 pontos base que estará em vigor até ao final de 2016 – no final de Outubro de 2013 lançou os Certificados do Tesouro Poupança Mais, cujas subscrições têm feito aumentar o saldo dos certificados do tesouro. Este último produto apresenta uma remuneração mais atractiva se mantiver essa aplicação entre 3 a 5 anos. No primeiro ano, paga um juro de 2,75%, no segundo 3,75%, no terceiro 4,75% e 5% no quarto e quinto ano. Mas a remuneração oferecida nos últimos dois anos pode aumentar se a economia portuguesa crescer.
Plano Poupança Reforma
Menos interessante Segundo a Deco, apesar de os Planos Poupança Reforma (PPR) terem vindo a perder parte do interesse, continuam a ser vantajosos do ponto de vista fiscal. “A tributação à saída pode baixar até 8% sobre os ganhos, em vez dos 28% da maioria das aplicações financeiras. Todavia, o interesse de continuar a aplicar em PPR fica circunscrito aos aforradores entre os 40 e os 55 anos”, refere a associação. “Se tem um PPR e o desempenho deixa a desejar, transfira-o para outro mais rentável e com menos custos.
Outra alternativa passa por apostar nos PPR na forma de fundos de investimento e fundos de pensões. Nos 12 meses que terminaram no final de Março, estes planos renderam, em média, 6%. De fora da análise ficaram os PPR na modalidade de seguros de vida.
Obrigações do Tesouro
Cautela Até há bem pouco tempo, adquirir Obrigações do Tesouro era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou de longo prazo com capital garantido. No entanto, segundo a Deco, “os sinais de recuperação económica, o aumento da credibilidade nacional e a saída da troika do país conduziram à subida das cotações destas obrigações, que se negoceiam na bolsa, reflectindo-se automaticamente numa diminuição substancial dos rendimentos potenciais à maturidade dos títulos”. Isto significa que a redução dos rendimentos foi tão rápida como tinha sido a subida dos juros quando “estalou” a crise financeira. Vamos a contas: prepara-se para um rendimento anual líquido de 1% a 5 anos e 2% para um rendimento a 10 anos.
Ouro
Resposta à crise É uma referência durante as épocas de crise, principalmente quando se vive instabilidade no sector financeiro e na dívida pública. Mas nem tudo é simples: “o brilho do ouro poderá eclipsar-se porque não há garantia de rendimento futuro”. É necessário respeitar regras, como ter cuidado com o local onde a aquisição for feita e o preço deste metal. Como investir? Pode apostar em barras (com pesos entre 2,50 gramas e 12,50 quilos).
Em Portugal, o peso do ouro expressa-se em euros por grama e as cotações derivam de Londres, onde o preço é fixado em dólares por onça (31,1 gramas). Pode também investir em moedas. A libra esterlina e os reis portugueses são as mais populares. Para investir indirectamente pode apostar nos fundos de investimento: exchange – traded funds (ETF) e warrants – que são as opções preferidas dos portugueses.
Bolsa
Mais arriscado O investimento directo na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio mas o risco é sempre elevado. O investidor pode fazer a compra individualmente quando escolhe directamente as acções que deseja ou através de fundos de acções, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassar as flutuações do mercado. Não se esqueça da regra do “dividir para reinar”: Ao escolher títulos de diferentes países e sectores, consegue reduzir as flutuações do investimento. Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros. Para isso, recorra aos vários simuladores existentes.
fonte:http://www.ionline.pt/ar