Crie a sua carteira de investimentos sem riscos
Saiba como proteger as suas poupanças agora sem perder a oportunidade de ganhar com a subida futura das bolsas.
Agosto tem sido um mês demasiado quente para a carteira dos investidores. É raro aquele que hoje não tem o seu portefólio accionista a escaldar: desde o início do mês, as acções mundiais já afundaram, em média, 12%. E no que toca a férias, deverão ser poucos os investidores que previam tamanha adrenalina nos mercados e muitos os que têm os nervos "à flor da pele".
Ainda na quarta-feira o banco Best recomendava prudência e calma aos seus clientes no investimento em acções. A verdade é que a bolsa é hoje um local impróprio para cardíacos.
Numa altura em que os mercados teimam em continuar a puxar a carteira dos investidores para baixo da linha de água, faz sentido procurar alternativas de investimento. Não obrigatoriamente fora da bolsa, mas em produtos e estratégias que possam oferecer, simultaneamente, o capital investido e uma eventual mais-valia. Este é o princípio da maioria dos produtos estruturados: capital garantido na maturidade e exposição ao desempenho de um activo subjacente. No pior dos cenários, o investidor recebe apenas o dinheiro que investiu e, se o produto corresponder positivamente às suas expectativas, poderá ainda obter rendibilidades significativas.
À primeira vista, estes produtos parecem ser o "Santo Graal" dos mercados financeiros, concentrando o melhor de dois mundos. Porém, é preciso não esquecer que "não há almoços grátis". No ano passado, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) realizou uma análise a nove produtos estruturados, com maturidades entre um e dez anos, com e sem remuneração garantida, com e sem capital garantido, e revelou que, apesar de estarem a ser publicitados como investimentos com taxas altas, a rendibilidade prevista é inferior aos tradicionais depósitos a prazo.
Por isso, hoje o Diário Económico não está a recomendar o investimento em produtos estruturados, mas a ensiná-lo a construir um produto estruturado caseiro com o melhor que estes produtos têm para oferecer: a possibilidade de realizar ganhos sem correr riscos e sem pagar comissões elevadas ao intermediário financeiro.
Investir em acções com capital garantido
Imagine que tem 5.000 euros para investir nos próximos três anos e que, além de querer garantir o capital investido, deseja ter alguma exposição ao desempenho do PSI-20, o principal índice da bolsa de Lisboa.
Para garantir o capital na maturidade recorre a um depósito a prazo, também com uma maturidade de três anos. Admitindo que a taxa anual efectiva líquida desse depósito é de 3,34%, o emitente apenas tem de colocar 4.531,19 euros de parte neste depósito, que irá capitalizar anualmente durante este triénio, chegando ao final do prazo contabilizando os desejados 5.000 euros iniciais. Ao fazê-lo, ficará com 468,81 euros para "brincar" no mercado de acções. Com esse dinheiro, pode investir em unidades de participação de um fundo de acções nacionais ou no fundo cotado ComStage ETF PSI 20, negociado na Euronext Lisboa, que replica o principal índice da praça portuguesa. Assim, garantirá o dinheiro investido e uma futura mais-valia accionista, consoante o desempenho das acções portuguesas. Ou seja: se o PSI 20 valorizar 10% neste período, o investimento somará uma rendibilidade total de 10%. Se as acções nacionais caírem 10%, o investimento realizado gerará ganhos de 8%.
O mesmo princípio pode ser aplicado caso a aposta seja em redor de uma contínua queda das bolsas. Imagine que nos próximos cinco anos não acredita na retoma do mercado accionista europeu. Se assim for, a estratégia delineada pode também passar pela aquisição de dois produtos: Certificados do Tesouro e um fundo cotado que some ganhos na proporção inversa à queda do mercado, como é o caso do Lyxor ETF Bear Eurostoxx 50, um ‘reverse ETF' que apresenta uma rendibilidade inversa ao desempenho médio das 50 maiores empresas da zona euro.
Assim, os 5.000 euros do investimento poderão ser repartidos da seguinte forma: 4.000 euros em Certificados do Tesouro e os restantes mil euros no Lyxor ETF Bear Eurostoxx 50. Caso as acções europeias derrapem 20% no próximo quinquénio, este investimento contabilizará ganhos acumulados líquidos de 24%.
fonte:http://economico.sapo.pt/n