Só os fundos de tesouraria conseguem escapar à crise
Os fundos de investimento nacionais tiveram uma rendibilidade de -8,51% de Dezembro a Setembro.
A crise financeira e económica que se alastra na zona euro há vários meses está a deixar a carteira de muitos investidores no vermelho. Esta realidade fica bem espelhada quando se observa o desempenho dos fundos portugueses desde o início do ano: segundo dados da associação do sector (APFIPP), disponibilizados ontem, estes instrumentos de poupança apresentaram uma rendibilidade efectiva média de -8,51% nos primeiros nove meses do ano.
Dos 266 fundos compilados pela APFIPP, menos de um quinto foi capaz de apresentar ganhos e só 12 fundos presentearam os seus subscritores com rendibilidades acima da actual inflação de 2,93%.
Ao nível da categoria de activos fica-se a saber que apenas os fundos de baixo risco, como é o caso dos fundos de tesouraria e do mercado monetário, foram capazes de escapar à razia do mercado, ao contabilizarem ganhos de 1%. O bom desempenho destes fundos fica a dever-se a uma forte aposta dos seus gestores em depósitos a prazo, numa altura em que os bancos têm vindo a aumentar a remuneração destes produtos, com vista a garantirem maior margem de manobra ao nível da liquidez das suas operações. O resultado está à vista: dos 16 fundos desta categoria apenas três apresentaram rendibilidades negativas e o melhor fundo desta categoria, o Banif Euro Tesouraria, contabilizou ganhos de 2,23%. No entanto, o fundo português com o melhor desempenho entre 31 de Dezembro do ano passado e Setembro é o fundo especial de investimento Santander Carteira Alternativa, com ganhos de 20,76%.
Do lado oposto figuram os fundos que investem no mercado accionista nacional: fundos de acções portuguesas e fundos de poupança acções, que neste período registaram rendibilidades médias de -25,49% e -24,71%, respectivamente. Destaque para o Barclays Premier Acções Portugal que teve uma rendibilidade efectiva de -29,22%. O mau desempenho deste fundo de acções portuguesas foi apenas superado pelo comportamento do fundo especial de investimento BPI Brasil, que até Setembro somava perdas de 36%.
No capítulo dos fundos destinados a construir um complemento de reforma, o quadro não é diferente: os 34 planos poupança reforma (PPR) sob a forma de fundos de investimento, compilados pela APFIPP, registaram perdas médias de 4,77%, apenas quatro contabilizaram ganhos e nenhum foi capaz de apresentar uma rendibilidade efectiva acima da inflação.
fonte:http://economico.sapo.pt/n