Medo leva investidores europeus a fugirem de fundos de acções e obrigações
No top ‘ten’ dos fundos mais subscritos no terceiro trimestre na Europa estão oito fundos com pouco risco e de curto prazo.
Se dúvidas houvesse sobre o estado de espírito dos investidores europeus nos últimos tempos, elas ficaram totalmente dissipadas com os resultados do último estudo Lipper FMI, elaborado em parceria com a JPMorgan AM. Este estudo trimestral analisa a evolução das subscrições e resgates da indústria de fundos de investimento em oito mercados, incluindo Portugal. E os resultados relativos ao terceiro trimestre do ano são pouco animadores: todas as categorias de fundos registaram subscrições líquidas negativas. No total, os investidores europeus retiraram no conjunto dos três meses (entre Julho e Setembro) mais de 95 mil milhões de euros. Um valor que representa uma média de 44 milhões de euros resgatados em cada hora. Sem grande surpresa, os fundos de acções e obrigações foram aqueles que registaram os maiores volumes de resgate.
No total, tendo em conta os resgates e a desvalorização dos activos, a indústria de fundos europeia encolheu 309 mil milhões de euros neste trimestre. Os números são um reflexo da elevada volatilidade registada nos mercados financeiros durante este Verão. Recorde-se que Agosto foi um mês negro para as bolsas, com os receios dos investidores a aumentarem pelo facto de não haver um fim à vista para a crise da dívida soberana que afecta os países periféricos e também pelo receio de que a crise europeia pudesse estar a afectar outras regiões do globo, nomeadamente, os EUA. Recorde-se que no início de Agosto, a Standard&Poor's, numa actuação inédita, cortou o ‘rating' dos EUA de AAA ( o nível máximo de qualidade creditícia) para AA+.
Como consequência, o medo espalhou-se como um vírus. Analisando os números do estudo da Lipper FMI, é possível verificar que, não só o pânico levou a uma fuga dos investidores dos fundos de investimento de acções e obrigações, como também mostra que os fundos menos atingidos por essa saída foram os fundos do mercado monetário. Ou seja, fundos de elevada liquidez e com um risco de investimento mais reduzido. Estes fundos caracterizam-se pelo facto de investirem em instrumentos de curto prazo como depósitos, papel comercial e bilhetes do tesouro. Olhando para a lista dos 10 fundos que foram mais subscritos em toda a Europa no terceiro trimestre do ano é possível verificar que oito deles são fundos do mercado monetário. A liderar o ‘ranking' está um fundo da JPMorgan, o JPM US Dollar Treasury Liquidity, que conseguiu angariar 8,3 mil milhões de euros no trimestre. Também a Goldman Sachs, a Natixis, a Blackrock, a DWS, a Aviva e a KBC conseguiram colocar fundos do mercado monetário na lista dos fundos mais vendidos no trimestre. Curioso é o facto de neste ‘ranking' aparecerem também dois fundos que apostam na evolução do mercado accionista alemão- é o caso dos ETF iSharesDAX@(DE) e do DB X-Trackers DJ DAX ETF. Um dado a comprovar que apesar da elevada volatilidade dos mercados, os investidores continuam a confiar na força da economia alemã.
fonte:http://economico.sapo.pt/