Investidores portugueses estão a regressar em força às acções
Alguns bancos registam subida de 20% do volume negociado em acções em 2012.
Depois de, nos últimos anos, os investidores terem fugido das acções "como o diabo da cruz", a pouco e pouco os portugueses dão alguns sinais de quererem regressar às acções. Desde o início do ano, alguns índices europeus acumulam ganhos que chegam a atingir os 18% - caso do alemão DAX. Já no outro lado do Atlântico, a tendência positiva é também vivida com o Nasdaq a subir mais de 17% desde Janeiro e a registar os valores mais elevados desde 2000. Já o índice S&P500 está em máximos de 2008. Perante este desempenho positivo, não é de estranhar que alguns investidores comecem a equacionar regressar às acções. O Diário Económico contactou quatro bancos e corretoras para tentar perceber se os investidores portugueses mostram um maior interesse em aplicar em acções. Todas as entidades confirmam esta tendência- ainda que ela seja mais notória em algumas instituições do que noutras. Mais: alguns bancos adiantam ainda que o volume de acções negociadas pelos seus clientes aumentou 20% desde o início do ano, face aos valores negociados no final de 2011. É o que acontece por exemplo no banco BiG. "Desde o início do ano, os volumes ainda estão abaixo dos volumes do início do ano anterior, mas em relação ao final de 2011 já há um crescimento de 20%", refere fonte do BiG.
O mesmo fenómeno é registado no banco Best. "Na sequência das últimas valorizações dos mercados de acções, estamos a verificar uma maior actividade dos clientes na área de negociação de activos de maior risco. Inclusivamente, em Fevereiro, o volume de negociação de acções registou um crescimento de 23% face ao valor negociado em Janeiro", adiantou fonte do Best.
Os exemplos repetem-se em outras corretoras contactadas. Na Orey Financial, apesar da instituição não divulgar números, Teresa Lourenço, responsável da sala de mercados garante: "No final do ano passado, e principalmente, neste início de novo ano tem-se efectivamente caracterizado por um regresso dos investidores ao mercado". A contribuir para esta mudança de estado de espírito dos investidores estão sobretudo dois factores: as injecções de liquidez do BCE no sistema financeiro europeu e a melhoria de alguns dados macro-económicos na Europa e nos EUA. "A recuperação, embora ténue, dos mercados de emprego e imobiliário em alguns países europeus e o acréscimo de liquidez e de oferta monetária na Zona Euro contribuíram para alguma redução no prémio de risco exigido pelos investidores", justifica João Queiroz, director de negociação da GoBulling. Mas há outros ingredientes que poderão também estar a influenciar o regresso dos investidores portugueses às acções. Teresa Lourenço aponta o relativo apaziguamento da situação da Grécia e a consistência dos resultados apresentados pelas empresas em 2011 como factores que ajudaram a restaurar a confiança dos investidores.
Apesar da alteração dos níveis de confiança dos investidores, tal não significa que o clima seja de total optimismo. O BIG refere que apesar dos aumentos dos volumes registados neste início de ano, "os investidores ainda estão bastante cautelosos em relação ao investimento em activos de risco". Já a GoBulling refere que o aumento do interesse dos investidores pelas acções é mais evidente pelos títulos estrangeiros. "Existe um acréscimo de exposição ao mercado internacional de acções, atendendo fundamentalmente aos diferenciais de crescimento económico entre as diversas regiões e melhores desempenhos dos índices de acções de economias como os EUA, Alemanha e França", explica.
Na verdade, quando analisamos os volumes (em euros) negociados no PSI 20 desde o início do ano face aos últimos três meses de 2011, verificamos que os volumes médios diários subiram apenas 7% face ao verificado no final de 2011. É um sinal de que a confiança dos investidores portugueses nos títulos da bolsa nacional ainda não é totalmente evidente.
Ainda assim, um dado é certo: depois de terem passado os últimos dois anos arredados dos investimentos de risco, os investidores portugueses estão cada vez mais alerta para regressarem a esta classe de activos. Segundo o Best, a afluência de pessoas nos seminários de investimento realizados pelo banco este ano está a aumentar 35% face ao final de 2011. E as próprias instituições financeiras começam agora a apostar na promoção de investimentos que implicam um maior risco. Neste momento, por exemplo, o Millennium BCP tem em vigor uma campanha promocional até 4 de Maio, na qual os clientes que derem ordens sobre títulos da Euronext Lisbon, através da Internet, beneficiam de uma redução do preçário de bolsa de 50%.
fonte:http://economico.sapo.pt/