Conheça as melhores acções da bolsa nacional
O índice de referência da bolsa nacional está a sofrer a fúria dos mercados. Mas há acções de pequenas empresas do mercado nacional a resistir à crise.
As acções portuguesas com melhor desempenho em 2012 não estão na Primeira Liga do mercado português. As quatro empresas com melhor desempenho desde o início do ano são pequenas cotadas que não têm lugar no índice PSI 20. E numa altura em que a maior parte das cotadas do índice de referência nacional sentem o mau humor dos mercados, os próprios gestores de fundo aparentam estar a apostar em algumas empresas que não fazem parte do índice de referência.
As quatro acções que mais ganham no PSI 20 são a Fisipe, a Vista Alegre Atlantis, a Ibersol e a F.Ramada. Só após estas empresas aparece uma cotada da "Primeira Liga" da bolsa portuguesa: a Jerónimo Martins. São acções que passam despercebidas à maior parte dos investidores e que não têm praticamente casas de investimento a acompanhá-las. Mas poderá esse ser um factor positivo em períodos de quedas no PSI 20?
"Não diria que são mais imunes. Podem passar talvez algo despercebidas à maioria dos investidores pelo facto de não estarem expostas no PSI 20", referiu o analista da IG Markets, Duarte Caldas ao Diário Económico. Já o administrador da Dif Broker, Pedro Lino, explica que "não estão imunes, mas como são títulos com pouca liquidez, de valor baixo, conseguem estar a subir, porque já poucos investidores as têm".
Apesar da pouca visibilidade que têm, Duarte Caldas acredita que podem existir oportunidades em acções fora do PSI 20. Um dos exemplos foi a Fisipe. A fabricante de fibras acrílicas foi alvo de uma Oferta Pública de Aquisição por parte da SGL Carbon e já duplicou de valor desde o início do ano.
Mas até nem são necessárias operações financeiras deste tipo para alguns títulos conseguirem subir. A Vista Alegre Atlantis ganha 20% desde o início do ano. A cotada teve em 2011 um lucro de nove mil euros, ajudada pela subida de 25% das exportações. Foi a primeira vez que a empresa teve resultados anuais positivos nos últimos nove anos.
Ainda no lote das acções em terreno positivo fora do PSI 20 estão a Ibersol e a F.Ramada, com ganhos acima de 7,94%. Já a Jerónimo Martins, a acção com melhor desempenho no PSI 20, avança 5% em 2012. No entanto, tentar lucrar com estas acções que não estão no PSI 20 pode ser tarefa difícil dada a falta de liquidez: "Não existem oportunidades de investimento fora do PSI 20 que não envolvam a tomada de maiores riscos, como a falta de liquidez", alerta Pedro Lino.
Gestores de fundos apostam em acções fora do PSI 20
As cotadas que não negoceiam no índice de referência têm uma capitalização bolsista de 1,96 mil milhões de euros, o que corresponde a apenas 4,2% do total do valor de mercado das empresas da bolsa portuguesa. Apesar desta pequena dimensão, os gestores de fundos de acções nacionais têm 16% do montante alocado na bolsa portuguesa em títulos que não constam do PSI 20, segundo cálculos do Diário Económico baseados em dados da CMVM. Isto indicia que os gestores estão a sobreponderar estes títulos.
Entre as acções que não fazem parte do PSI 20 onde os fundos têm mais património alocado estão a Novabase, a SAG Gest - do sector automóvel - e a empresa do ramo alimentar Ibersol. A tecnológica está, por exemplo, entre as dez acções nacionais onde o Caixagest Acções Portugal e o Santander Portugal Acções mais investem. Ganha 1,44% em 2012. Já a SAG faz parte da carteira de investimento dos sete fundos de acções nacionais registados na APFIPP. Por seu lado, a Ibersol está na lista das dez acções nacionais onde o Barclays Acções Portugal mais investe.
Apesar de poder haver boas oportunidades para os investidores fora do PSI 20, a aposta em cotadas de menor dimensão tem riscos. Duarte Caldas enumera-os: "Essencialmente dois: risco de liquidez e alta volatilidade. Em alturas de maior liquidez os investidores podem conseguir realizar boas operações mas pode dar-se o caso de quando decidirem sair, arriscarem-se a perder 4 ou 5% simplesmente porque não há volume suficiente. Depois, a volatilidade que causa uma ordem de maior volume torna quase impossível realizar análise técnica em títulos do PSI geral".
As acções de empresas fora do PSI 20 preferidas pelos gestores de fundos
Os gestores de fundos de acções nacionais dedicam 16% do valor investido na bolsa portuguesa em títulos que não estão no PSI 20. Isto apesar da capitalização bolsista das cotadas que não estão no índice de referência representar apenas 4,2% do valor de mercado conjunto das empresas portuguesas. Conheça as acções fora do PSI 20 em que os fundos mais investem.
1 - Novabase
Já fez parte do PSI 20. Mas apesar de já não estar no índice de referência, a tecnológica recebe mais investimento dos fundos de acções nacionais que algumas cotadas do ‘benchmark'. As acções sobem 1,44% em 2012 e a média dos preços-alvo dos três analistas que seguem o título é de 3,67 euros, mais 73% que o preço actual do título: 2,12 euros.
2 - SAG
A SAG - Soluções Automóveis Global é outra das empresas fora do índice de referência que reúne o consenso dos gestores de fundos de acções nacionais. As acções fazem parte da carteira de investimento dos sete fundos de acções nacionais seguidos pela APFIPP. Os títulos perdem 4,76% desde o início do ano. Apenas os analistas do BPI acompanham a acção. Têm um preço-alvo de 0,60 euros, 50% acima dos 0,40 euros com que encerraram a sessão de ontem. A empresa teve prejuízos de 2,1 milhões de euros no primeiro trimestre, devido aos encargos financeiros.
3 - Ibersol
A empresa que opera o Burger King e o KFC em Portugal é também uma das cotadas fora do PSI 20 na qual os gestores de fundos mais investem. Mas não são apenas os fundos de acções nacionais. A cotada tem como accionista o fundo soberano da Noruega, que tem 4,4% da empresa, e o banco de investimento Goldman Sachs, com 2,12%.
4 - Sumol-Compal
A quase totalidade do investimento dos fundos de acções nacionais é feita através do BPI Portugal e do Caixagest Acções Portugal. As acções da empresa estão inalteradas desde o início do ano e nem todos os dias ocorrem negócios a envolver os títulos da Sumol-Compal. A empresa está a fazer um programa de acções próprias e no ano passado surgiram notícias que davam contas que a cotada estava a ponderar sair de bolsa. No ano passado teve um resultado líquido de 6,2 milhões de euros, menos 34% que em 2010.
5 - Soares da Costa
O sector da construção em Portugal é um dos que mais sofre com a crise. E os títulos da Soares da Costa não são excepção, registando já uma desvalorização de mais de 50% em 2012. Apesar dos dois analistas que acompanham a acção terem recomendação de "vender", existem cinco fundos de acções nacionais que investem na construtora.
fonte:http://economico.sapo.pt/n