Conheça as acções portuguesas com mais sucesso
EDP Renováveis é a cotada que reune mais consenso junto dos analistas, beneficiando do desfecho melhor que o esperado da reforma da energia em Espanha.
A bolsa portuguesa tem recuperados nos últimos meses, mas a estratégia dos analistas que acompanham as cotadas nacionais continua a recomendar cautela. Com a crise de dívida soberana a não estar ainda resolvida e com a recessão económico em Portugal, a maior parte dos especialistas recomenda os investidores a fazerem uma abordagem selectiva das acções, através do ‘stock picking'.
A EDP Renováveis é um dos exemplo das acções em que os analistas recomendam investir. A eólica liderada por Manso Neto é uma das ‘top picks' para as bolsas ibéricas por parte dos analistas do BPI e também merece uma menção honrosa por parte da equipa de análise do Santander.
"O desfecho [da reforma da energia em Espanha] foi muito mais benigno que o inicialmente previsto para os ‘players' puramente eólicos como a EDP Renováveis, que foi uma das vencedoras da saga regulatória que assombrou os mercados nos últimos meses", referiram os analistas do BPI num relatório publicado este mês. A perspectiva é partilhada pelo Santander. Além deste factor, a empresa poderá ser ainda beneficiada por investimentos da China Three Gorges, maior accionista da EDP.
Desde a aprovação da reforma regulatória em Espanha, a 14 de Setembro, as acções da eólica subiram 17,4%. No entanto, cedem 19% desde o início do ano. Curiosamente, e apesar da perspectiva positiva dos analistas, a renovável foi um dos títulos da bolsa portuguesa onde os gestores nacionais mais cortaram a posição no mês passado.
BES, Portucel e Sonae também fazem parte das favoritas
Apesar da EDP Renováveis ser consensual entre os analistas do BPI e do Santander, as restantes apostas diferem. A equipa de análise do banco português elege ainda o BES como um dos eleitos a nível ibérico. Para os analistas do BPI, as acções do banco liderado por Ricardo Salgado são a melhor opção para aproveitar a acalmia na crise de dívida soberana. Consideram o banco uma boa forma de aproveitar "a evolução do soberano e a progressiva resolução da crise do euro". Além disso, destacam o facto de não ter necessitado para aumentar os seus rácios de capital, o que coloca o BES "numa posição privilegiada para ganhar quota de mercado em Portugal". As acções do banco cedem 10,2% desde o início do ano.
Por seu lado, e apesar de não a incluir nas suas ‘top picks' ibéricas, o Santander coloca a Portucel nas suas preferidas da Península, no sector dos bens transaccionáveis. Os analistas do banco espanhol referiram num relatório recente que têm uma perspectiva positiva para este sector e gostam de empresas que tenham "modelos de negócio internacionais e com vantagens de custos sustentáveis". Também o analista da Fincor, Albino Oliveira, tem opinião positiva sobre a Portucel, "uma das principais empresas exportadoras nacionais e com uma interessante política de remuneração dos accionistas", referiu ao Diário Económico. As acções da empresa ganham 13% em 2012.
Outra das apostas é a Sonae. A ‘holding' liderada por Paulo Azevedo é uma das candidatas a ‘top pick' ibérica por parte dos analistas do BPI.
Consideram a dona do Continente com "um interessante caso de valor". Além da avaliação, o BPI refere que a empresa tem as suas necessidades de refinanciamento resolvidas até 2014 e que uma eventual operação de consolidação entre a Sonaecom e a Zon Multimédia pode "desbloquear valor para a Sonae". Os títulos da ‘holding' sobem 27% desde o início do ano.
Os principais destaques
EDP Renováveis beneficia com regulação em Espanha
A reforma da energia em Espanha estava a penalizar as acções da eólica. Mas a legislação acabaria por ser melhor que o esperado para a eólica. O BPI tem uma recomendação de "comprar" com um preço-alvo de 5,05 euros. Já o Santander também aconselha a compra, com um target de 4,90 euros. As acções perdem 19% desde o início do ano. Valem 3,82 euros.
BES evitou apoio do Estado para se recapitalizar
O BES é o único banco do PSI 20 a evitar a ajuda do Estado. O BCP e o BPI solicitaram apoio governamental e o Banif continua a negociar com o Estado para se recapitalizar. Os analistas do BPI consideram que este factor e a recuperação da dívida soberana justificam a recomendação de "comprar" com um ‘target' de 0,90 euros. O título perde 10% em 2012 e negoceia em 0,731 euros.
Portucel é aposta nos bens transaccionáveis
A Portucel não é uma das ‘top picks' ibéricas do Santander, mas é uma das preferidas do banco no sector de bens transaccionáveis. Os analistas do Santander têm uma recomendação de "comprar" com um preço-alvo de 2,60 euros. O BPI também aconselha "comprar", com um target de 2,55 euros. A acção cota em 2,078 euros e sobe 13% desde o início do ano.
Sonae tem avaliações atractivas
Apesar de não estar na lista das eleitas ibéricas do BPI, a Sonae é uma das candidatas a entrar no grupo restrito das ‘top picks' dos analistas do banco. A recomendação do BPI para os títulos da ‘holding' é de compra, com um preço-alvo de 0,80 euros. Segundo os analistas do banco, a Sonae tem avaliações atractivas. Os títulos da empresa sobem 27% em 2012. Valem 0,583 euros.
Trabalho publicado na edição de 18 de Outubro de 2012 do Diário Económico