Prepare financeiramente a sua reforma
A falência do modelo de Estado social a que a Europa se habituou é cada vez mais evidente, especialmente em Portugal.
Apesar das alterações introduzidas a nível do aumento da idade de reforma e da contabilização de toda a carreira contributiva não há muito mais que o Estado possa fazer para garantir a sustentabilidade da Segurança Social. O que se pode fazer quando a esperança de vida aumenta 15 anos e a taxa de natalidade passou de 3,5 filhos por mulher para apenas 1,3 no espaço de 40 anos?
É mais do que provável que daqui a 20 ou 30 anos quem se reforme receba apenas cerca de metade do seu último vencimento.
Mais do que esperar que o governo corrija esta situação - o que provavelmente nunca irá acontecer, pois o problema só tende a agravar-se - é necessário que cada pessoa se responsabilize por ir colocando algum dinheiro de parte com o objectivo específico de complementar a pensão de reforma que irá receber no futuro.
O que é mais doloroso? Reduzir o consumo actual em 10% ou reduzi-lo em 50% daqui a alguns anos?
Onde investir?
Apesar de quando se fala de reforma se pensar automaticamente em PPR, estes não são o melhor produto onde investir a sua poupança para a reforma.
Apesar dos benefícios fiscais que, em 2010, podem atingir 20% do valor das entregas, num produto com um horizonte de pelo menos 20 anos esse benefício é de apenas 1% por ano. Ou seja, se a rendibilidade do PPR for inferior em 1% à rendibilidade de outro produto alternativo, como por exemplo um fundo de acções, já não compensa investir no PPR. E, nos últimos anos, a rendibilidade média dos PPR nem sequer cobriu a inflação.
O produto ideal, no caso de possuir um horizonte de pelo menos 20 anos é o investimento no ETF - Exchange Traded Fund que invista em acções diversificadas a nível mundial, como por exemplo o iShares MSCI World (disponível no BEST e no Big Online a pedido).
Este produto possui a vantagem de poder investir em 877 acções de vários países e indústrias a partir de cerca de 20 euros e com uma comissão de gestão de apenas 0,5%, quando os fundos de acções clássicos cobram valores de 2% ou mais, podendo ser comprado ou vendido em tempo real como uma acção, tendo também de suportar as comissões de bolsa.
Se não tiver estômago para suportar a volatilidade dos mercados de acções opte por reduzir a percentagem que investe neste ETF para 20% se tiver um perfil moderado ou 50% se tiver um perfil moderado. O remanescente coloque em depósitos a prazo ou certificados do tesouro.
O método ideal é, assim que se recebe o ordenado, imediatamente transferir este dinheiro para outra conta onde só estejam os seus investimentos e de preferência sem cheques nem cartões e fazer aí os investimentos.
Em anexo apresentamos dois quadros, para que tenha ideia de quanto necessita poupar em função do seu sexo, idade e perfil de risco, para que consiga garantir um complemento de reforma de 50% do seu ordenado actual. E se por um lado as mulheres saem beneficiadas porque vivem mais, por outro, os homens precisam de poupar menos.
fonte:dn.sapo