É uma boa altura para investir em dívida do Estado?
O Estado português realizou, recentemente, uma emissão de 2,5 mil milhões de euros de dívida a cinco anos que marcou o regresso de Portugal aos mercados. A elevada rendibilidade das obrigações portuguesas nos últimos meses, a par da diluição do risco associado a Portugal, terão captado o interesse dos investidores internacionais. Mas poderão também os particulares comprar dívida pública? E vale a pena investir em dívida do Estado?
O Dinheiro Vivo falou com alguns analistas e procurou saber se é vantajoso, nesta altura, investir em dívida do Estado e que produtos existem para se aplicar o dinheiro directamente em dívida pública.
Atualmente, em termos de investimento directo, os pequenos investidores têm essencialmente dois produtos: os certificados de aforro e as obrigações do tesouro. De acordo com o horizonte de investimento e o montante envolvido, os especialistas consideram que podem ser boas aplicações.
"No caso dos certificados de aforro estão a oferecer-se taxas muito interessantes, sobretudo quando comparadas com as dos depósitos. Atualmente, em termos líquidos os depósitos rendem, em média, 1,5% quando os certificados de aforro oferecem uma taxa líquida de 2,3%", explicou António Ribeiro, economista da Deco, em declarações ao Dinheiro Vivo.
O economista da Deco salientou que "os depósitos apenas oferecem melhores taxas a novos clientes ou capital. E, neste caso, para um horizonte temporal de até quatro anos, os certificados de aforro são uma boa alternativa".
Desde setembro do ano passado o Governo introduziu um prémio adicional de 2,75% (275 pontos base) para os certificados da série C, a única actualmente em comercialização, para vigorar até final de 2016. Um prémio que coloca os juros brutos deste produto acima de 3%.
Os certificados da série C não foram os únicos beneficiados com esta medida. O IGCP aumentou também a remuneração associada aos produtos da série B, concedendo-lhes um prémio adicional de 100 pontos base. Embora já não se encontre em comercialização, esta série representa 9a grande fatia do total investido em certificados.
Já numa óptica de mais médio a longo prazo, ou seja, entre cinco e 10 anos, os especialistas da Deco recomendam as obrigações do tesouro, "que oferecem rendibilidades liquidas em torno de 4,1% e 4,5%", adiantou António Ribeiro.
No entanto, pelo facto de os investidores terem de recorrer a um intermediário financeiro, o que implica o pagamento de comissões, "consideramos que se trata de um produtos que compensa para quem queira, no mínimo aplicar 2500 euros. Só a partir desse montante é que se consegue diluir o peso destas comissões.", acrescentou o economista da Deco.
No entanto, no caso das obrigações do tesouro os especialistas alertam para o facto de ser necessário manter os títulos até à maturidade para conseguir os ganhos esperados. "Ou seja, embora seja um titulo com liquidez só mantendo as obrigações irão conseguir render o que se espera, logo aconselha-se a quem não precise desse dinheiro. O que já não acontece com os certificados de aforro", afirmou o especialista da Deco.
A rendibilidade da dívida portuguesa tem atraido muitas atenções. “Neste momento, o mercado de dívida, genericamente, é o que oferece melhores taxas, mas também onde o risco é maior. Se tudo convergir para a normalidade, e não formos confrontados com reestruturação de dívida, incumprimentos a rentabilidade é bastante atractiva. Sobretudo em Obrigações do Tesouro (OT). As OT de Portugal a 10 anos oferecem uma rentabilidade de 5,9%, mas a dívida a 10 anos da Grécia, com maior risco que Portugal, oferece quase o dobro", explicou Filipe Silva, Director da gestão de Activos do Banco Carregosa, ao Dinheiro Vivo.
No entanto, para os particulares Filipe Silva recomenda que "subscrevam fundos ou produtos de dívida geridos por profissionais. Não é só para terem uma gestão profissional, mas porque em conjunto têm acesso a títulos onde um investidor sozinho não conseguiria investir, porque há lotes mínimos de negociação que chegam a ser de 1 milhão de euros".
Já o diretor de investimento do Banco Best, Diogo Serras Lopes, sugere uma "diversificação, tanto em termos de classes de ativos como em termos de zonas geográficas, assume um papel especialmente relevante durante os próximos meses".
fonte:http://www.dinheirovivo.pt/