Os fundos mais rentáveis
Sabe qual é o ditado mais popular no mundo dos investimentos? Se por acaso anda distraído nós lembramos-lhe: “Os investidores não devem colocar todos os ovos no mesmo cesto sob pena de se partirem todos, caso o cesto tenha o azar de cair no chão”. Apesar de ser um princípio que tem sido repetido até à exaustão nos quatro cantos do mundo, a verdade é que esta metáfora continua a fazer sentido. Isto porque uma das melhores formas que os investidores têm ao seu alcance para diminuir o risco das suas carteiras é dispersar as suas aplicações por diferentes classes de ativos, “misturando”produtos com elevada liquidez – como os depósitos ou certificados de aforro– com seguros, obrigações, ações e outros produtos mais alternativos – como as matérias primas. Desta forma, se um dos seus investimentos enfrentar um período mais conturbado terá outras aplicações que permitirão equilibrar a sua carteira.
No entanto, a crise financeira levou muitos investidores esquecer este ditado e a concentrarem todos os seus investimentos em produtos de elevada liquidez, como é o caso dos depósitos. Mas agora que a remuneração dos depósitos tem vindo a progressivamente a reduzir-se e outras aplicações dão sinais de recuperação, os investidores poderão considerar alargar o seu leque de aplicações financeiras apostando, por exemplo, nos fundos de investimento.
Fundos geram rendimentos médios de 7%
Os retornos gerados pelos fundos de investimento nos últimos 12 meses são bastante interessantes. Os dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Património (APFIPP), relativos ao final de março, revelam que apenas 6% dos fundos apresentam perdas a 12 meses. Todos os outros têm rentabilidades positivas, sendo que os ganhos médios gerados pelos fundos de investimento mobiliários portugueses (incluindo fundos PPR e fundos de pensões) são de 7,17%, nos últimos 12 meses terminados a 31 de março.
Mas há fundos que conseguem superar largamente estes valores. Segundo a APFIPP, existem pelo menos 20 fundos no mercado português que estão a registar rendibilidades acima dos 20% ao ano. E pelo menos 23% dos fundos portugueses está a conseguir entregar retornos acima dos 10%, nos últimos 12 meses.
Analisando as categorias de fundos portugueses que apresentam as melhores performances, o destaque vai para os fundos de poupança ações e os fundos de ações nacionais, que até ao final de março, apresentavam uma rendibilidade média nos últimos 12 meses de 19,8% e 17,1%. Note-se, no entanto, que estes fundos investem em ações nacionais e, como tal, são considerados produtos com um risco de investimento elevado. Destaque igualmente para os fundos que investem em ações da América do Norte, que a 12 meses conseguiram gerar ganhos de 10,7%.
Mesmo os investidores com um perfil mais conservador poderão encontrar fundos com rendibilidades acima das oferecidas pelos tradicionais depósitos a prazo. Por exemplo, os fundos de obrigações euro, de obrigações de taxa fixa euro e de obrigações de taxa variável euro estão a apresentar ganhos médios a 12 meses de 9,6%, 11,4% e 6,7%, respetivamente. E até mesmo os fundos com o nível de risco mais baixo- os fundos de tesouraria- estão a apresentar, em alguns casos, ganhos que podem chegar até aos 6%.
Estes retornos e o aumento do apetite dos investidores por outros produtos que lhes permitam gerar mais-valias está a levar os investidores a regressarem aos fundos de investimento. Ainda que em março os resgates de fundos terem superado as subscrições, no conjunto do primeiro trimestre, os portugueses aplicaram (em termos líquidos) 511 milhões de euros em fundos de investimento.
O que deve saber antes de investir em fundos de investimento?
Apesar destes valores serem muito encorajadores e demonstrativos de como a indústria de fundos de investimento está a recuperar é importante ressalvar que os fundos de investimento, pela sua natureza, não têm capital garantido e que as rendibilidades passadas não são uma garantia de ganhos futuros. Ou seja, o facto de os gestores terem conseguido gerar resultados interessantes no último ano não significa que estes ganhos se vão replicar no futuro. Isto porque a rendibilidade dos fundos está sujeita às oscilações do mercado dos ativos onde eles investem.
Outro conselho a ter em conta passa por saber selecionar um fundo de investimento adequado ao seu perfil de investimento. Isto porque um fundo de investimento poderá estar a apresentar nos últimos anos rendibilidades muito elevadas, mas ter um nível de risco demasiado alto para o seu perfil de investidor. Por exemplo, entre todos os fundos de investimento (portugueses e estrangeiros) disponíveis para comercialização em Portugal, o produto que apresenta ganhos mais elevados neste momento pertence a uma sociedade gestora estrangeira e investe em ações da Turquia. Este produto está a ganhar 51% nos últimos 12 meses. Trata-se de um fundo de elevado risco e que está sujeito a grandes oscilações de cotação e, como tal, não se adequada a qualquer investidor. Mesmo os investidores com um perfil mais agressivo deverão ter apenas uma pequena parcela do seu investimento alocado num produto com estas características.
Um último conselho: no momento de seleção de um fundo de investimento deverá também prestar atenção aos custos associados, nomeadamente, no que se refere à comissão de gestão cobrada.
fonte:http://www.saldopositivo.cgd.pt/