Produtos financeiros complexos: fuja em caso de dúvida
A probabilidade de perda ultrapassa muitas vezes 50% nos produtos complexos. Evite queimar o seu dinheiro.
Não é possível apontar todas as causas que estiveram na origem da actual crise financeira, mas uma coisa é certa: o aumento da complexidade dos produtos financeiros teve um papel muito relevante no enredo. Muitos destes produtos estiveram directamente relacionados com o colapso do mercado imobiliário em vários pontos do globo.
Após o eclodir da crise financeira, os produtos financeiros complexos foram preteridos pelas instituições financeiras. Todavia, quatro anos e meio depois da bancarrota do banco norte-americano Lehman Brothers, que marcou a maior falência de sempre, os produtos financeiros complexos regressam progressivamente aos escaparates dos bancos.
Embora assumam a forma de um instrumento já existente, o rendimento dos produtos financeiros complexos depende da evolução de outros activos ou indicadores. Os bancos podem comercializar uma obrigação cuja rentabilidade dependa da evolução de uma acção ou de um cabaz de mercadorias, por exemplo.
Como é natural, a complexidade complica muito a vida dos investidores, porque é difícil aferir não só a rentabilidade esperada mas também o risco envolvido na operação. Regra geral, os produtos financeiros complexos indicam elevadas rentabilidades potenciais, mas que, na prática, raramente são alcançadas.
As avaliações da Proteste Investe destes instrumentos, também chamados de produtos estruturados, mostram que o resultado obtido pelos investidores é, na generalidade dos casos, inferior ao oferecido por aplicações de baixo risco, como os depósitos a prazo e os Certificados de Aforro. Aliás, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o organismo que supervisiona e regula alguns destes produtos, também confirmou que o rendimento médio é baixo.
Consulte a Proteste Investe antes de subscrever
Muitas vezes, a probabilidade de não obter qualquer rendimento no investimento é superior a 50%. Dada a complexidade dos instrumentos, esta percentagem não é fácil de calcular. É por isso que a Proteste Investe diz aos seus subscritores que, em caso de dúvida, não subscrevam produtos financeiros complexos. O universo de aplicações financeiras é demasiado grande para se restringir à complexidade destes instrumentos.
Se estiver muito interessado em subscrever um produto estruturado, consulte a Proteste Investe. Através do seu serviço de Avaliação a Pedido, envie a documentação da aplicação. Depois de fazer uma avaliação, os analistas da Proteste Investe emitirão uma recomendação. Saiba mais no portal financeiro, em deco.proteste.pt/investe. Raramente surgem produtos financeiros complexos no serviço de Avaliação a Pedido da Proteste Investe que podem merecer o seu dinheiro. Um dos últimos casos a passar pelo crivo do serviço de Avaliação a Pedido é o do EUR 3Y Booster Euro Stoxx 50, descrito ao lado. Embora a Proteste Investe não o tenha recomendado de forma categórica, a subscrição poderia fazer sentido para alguns investidores mais ousados. Em baixo desse está um dos muitos produtos que claramente não merecem a sua poupança: o seu rendimento esperado é negativo.
Há sempre algo a melhorar
As duas entidades nacionais que supervisionam os produtos financeiros complexos, o Banco de Portugal e a CMVM, têm apresentado avanços na protecção dos investidores. O Banco de Portugal obriga agora os bancos a reportarem os resultados dos depósitos indexados e duais nas páginas do Portal do Cliente Bancário. Cerca de um quarto desses depósitos não deu qualquer rendimento, como a Proteste Investe demonstrou na passada edição de Fevereiro.
O mais recente regulamento da CMVM, que entrou em vigor no início do ano, impôs uma normalização da informação prestada aos subscritores, através do documento de informações fundamentais ao investidor. Embora este documento seja um pouco técnico, é uma franca melhoria. A visualização do risco é agora possível graças a um alerta gráfico, como pode ver ao lado. A equipa da Proteste Investe estará atenta para saber se essas fichas de informações fundamentais para o investidor são, de facto, entregues aos aforradores.
Apesar dos avanços, a Proteste Investe acredita que é possível melhorar. Defende que as regras e os mecanismos de transparência deveriam ser comuns aos depósitos indexados e duais e aos restantes produtos complexos, o que não acontece porque o Banco de Portugal é responsável pelo primeiro grupo e a CMVM pelos outros. É verdade que os produtos estruturados na forma de depósitos exigem a garantia do capital investido, mas a complexidade do cálculo dos rendimentos é equivalente e as formas de avaliação também o são.
Tal como o Banco de Portugal, a CMVM também deveria promover uma base de dados com o resultado efectivo dos produtos que já se venceram. A maior dúvida dos leitores da Proteste Investe prende-se exactamente com isso: saber quanto rendeu o seu produto complexo.
fonte:http://economico.sapo.pt/n