Saiba como proteger o seu dinheiro da montanha-russa da bolsa
A bolsa portuguesa tem oscilado ao sabor dos avanços e dos recuos da volatilidade política.
A incerteza sobre o futuro político de Portugal levou a ataques de ansiedade na bolsa nacional. Na sessão seguinte à demissão de Paulo Portas, na quarta-feira, o PSI 20 perdeu 5,31% e chegou a descer 7,13%. Após o susto, ontem as acções nacionais recuperaram parte dos ganhos, com uma subida de 3,73%. Neste autêntico carrossel e com o mundo político com os nervos em franja é difícil para os investidores manterem a calma. Mas é essa a qualidade que devem manter. Até porque os momentos de instabilidade na bolsa nacional aparentam estar para durar. "A crise política irá provavelmente afectar o sentimento do mercado nas próximas semanas ou mesmo meses, com os investidores às voltas com a incerteza, referiu o gestor da Fidelity, Diogo Morgado, numa nota de análise.
O que fazer com as acções:
comprar, manter ou vender?
Com o sobe-e-desce das acções, a tentação dos investidores pode ser vender para se desfazer do risco ou entrar no mercado para tentar encontrar acções que tenham sido injustamente castigadas pelo pânico. O administrador da Dif Broker, Pedro Lino, realça que "os investidores de longo prazo devem abster-se de vender nestes períodos, principalmente se têm em carteira acções de empresas que a longo prazo têm boas perspectivas operacionais". Mas é em alturas de instabilidade que também se podem encontrar oportunidades. Firmino Morgado defende que apesar da situação política "poder trazer volatilidade ao mercado pode também criar boas oportunidade de escolhas de acções". OBCP, por exemplo, chegou a cair 21,5% na sessão de quarta-feira. No entanto desde o mínimo de 0,073 cêntimos nessa sessão até ao máximo de 0,09 cêntimos atingido ontem, as acções proporcionariam ganhos de 23% a quem tivesse o ‘timing' perfeito.
Mas o ‘timing' perfeito é algo praticamente impossível de atingir, pelo que os investidores de mais curto prazo devem "colocar-se fora do mercado ou até mesmo aproveitar fazendo uso de vendas a descoberto caso a tendência seja descendente", referiu o especialista da XTB, Salvador Nobre da Veiga. Também Pedro Lino aconselha cautela. "Estas descidas à primeira vista parecem muito apetecíveis, mas os investidores devem abster-se de fazer "apostas" em cenários políticos. É preferível comprar mais caro mas com segurança, do que barato e incerto". Alerta ainda para o risco de níveis elevados de alavancagem, porque com a amplitude das subidas e das descidas, "os investidores que estão alavancados, muitas vezes são obrigados a vender as suas posições porque não têm dinheiro para manter margens".
Apesar das recomendações de cautela, e para tirar partido das avaliações mais atractivas causadas pelas descidas, os investidores de mais longo prazo e com maior tolerância ao risco poderão tentar tirar partido destes momentos. O analista da Fincor, José Sarmento, refere que os títulos do PSI 20 "encontram-se desvalorizados face aos seus pares na Europa. Poderá ser um bom ponto de entrada, caso se confirme o cenário de gradual recuperação na Europa". Alerta, no entanto, que "a curto médio prazo ainda poderemos observar quedas enquanto não for clarificada a situação política em Portugal".
fonte:http://economico.sapo.pt/n