10 regras para o seu dinheiro
Acontece em todos os ciclos económicos: uma crise desmoraliza muitos investidores. O efeito quase imediato é o afastamento das regras básicas que qualquer aforrador deve seguir. Não deve ser assim: se quer alcançar o triunfo do seu porco mealheiro, mantenha-se fiel aos princípios fundamentais do investimento são. Este momento de crise é tão bom como qualquer outro para fazer a revisão da sua carteira de aplicações e dos seus planos de aforro de longo prazo. Comece já hoje a examinar a estratégia do seu património para não se arrepender tarde demais.
1. Preveja o imprevisto
Antes de começar a investir o seu património, assegure que não precisará do dinheiro. Se garantir que não retirará fundos do seu porco mealheiro, pode gerir as aplicações para o longo prazo, solidificando melhores resultados financeiros.
Todos os investidores devem reservar o equivalente a três a seis meses de despesas mensais do agregado familiar para enfrentarem imprevistos, como custos de saúde, arranjos no carro ou em casa ou, mesmo, o desemprego. Esse fundo de emergência deve ficar parqueado em aplicações de risco muito baixo facilmente transferíveis para a conta corrente. Os depósitos a prazo são os candidatos ideais para o seu pé-de-meia de emergência.
Para beneficiar de taxas de juro mais elevadas, pode ser necessário abrir conta noutro banco. É um esforço menor para alcançar um resultado superior. Atualmente, o depósito a prazo a seis meses mais generosos rende o dobro dos juros da média dos depósitos com o mesmo prazo.
Além do fundo de emergência, alguns imprevistos podem ser precavidos através de seguros. Em caso de sinistro, como um acidente automóvel ou um incêndio na residência, a companhia de seguros indemniza o segurado, garantindo que ele consegue suportar os encargos do arranjo do carro ou da reconstrução da habitação. Se muitos aspetos da sua vida financeira já estiverem protegidos com seguros, o montante aplicado no fundo de emergência pode ser drasticamente reduzido.
2. Invista para o longo prazo se puder
Sempre que puder, invista com os olhos no futuro distante. Quando mais tempo der aos seus investimentos, mais pode arriscar e, logo, mais pode ganhar. Se der tempo suficiente à sua carteira (5 anos é razoável, 10 anos é bom, mas 20 anos é melhor), o dinheiro gerado pelo investimento em ações é maximizado. Mesmo as perdas temporárias que pode eventualmente registar, serão eliminadas se investir para o longo prazo. No quadro em baixo encontra os 18 fundos de ações que recebem a recomendação de compra pelos nossos analistas.
Se não pode investir a pensar no futuro, não arrisque o seu dinheiro. Não ponha a cabeça do porco mealheiro no cepo. Embora deva optar por instrumentos de risco inferior, as aplicações de curto prazo deverão render menos que os instrumentos de médio prazo. Um exemplo flagrante são os depósitos: as aplicações a 3 meses rendem menos que as a 1 ano, por exemplo. Nas obrigações do Tesouro é a mesma coisa.
3. Negoceie para ganhar mais
Lembre-se sempre de que os bancos têm interesse em atrair o maior número possível de clientes, mesmo que o montante que cada um dispõe seja reduzido. Portanto, não aceite tornar-se cliente sem refletir sobre as condições que lhe são oferecidas e, sobretudo, não hesite em tentar negociá-las. Por exemplo, pode tentar obter uma taxa de juro mais vantajosa no seu depósito a prazo ou uma redução nas comissões. Este conceito não se resume aos investimentos: pode cruzar com outra oferta bancária, como os spreads dos créditos e os encargos dos seguros.
Nem sempre a negociação resulta, mas não custa tentar. Na nossa última tentativa de negociar os juro dos depósitos, publicada na edição de setembro da Proteste Investe, conseguimos incrementos nas aplicações de 25 mil euros. Em alguns casos, os incrementos foram substanciais: o Banif e a Caja Duero deram mais 52 e 122 euros de juros, respetivamente.
4. Engorde o seu porco com ações
As ações mundiais ofereceram uma rentabilidade real (acima da inflação) de 5% por ano desde 1900. Esta é uma das conclusões de um estudo conduzido por Elroy Dimson, Paul Marsh e Mike Staunton, três académicos londrinos, juntamente com o banco Credit Suisse. É uma das análises mais longas de desempenhos dos principais ativos financeiros.
As ações bateram, de longe, o rendimento das obrigações e da dívida pública de curto prazo nos últimos 113 anos, de acordo com o estudo. As obrigações renderam 1,8% por ano acima da inflação entre 1900 e 2012, enquanto a dívida pública de curto prazo deu 0,9 por cento.
Tal como os nossos analistas, o trio londrino, que incluiu as 22 principais economias mundiais no seu estudo, defende que as ações são os ativos mais rentáveis no longo prazo. Por isso, se procura engordar o seu porco mealheiro através de investimentos, terá de dedicar uma fatia significativa do seu património de longo prazo aos mercados acionistas. Pode fazê-lo através de um investimento direto em ações ou através de fundos de investimento que se concentrem nesses títulos.
Acreditamos que as ações continuarão a render mais do que as outras classes de ativos. Os nossos analistas calculam que, no longo prazo, a rentabilidade anual das ações ficará entre 3% e 4% acima do retorno anual de uma carteira de obrigações soberanas com maturidades entre 7 e 10 anos.
5. Se não tem estômago, não arrisque
Se fica enjoado com os altos e baixos da bolsa, não arrisque. É natural que um rendimento superior não lhe pague o suficiente pelas noites mal dormidas preocupado com a volatilidade da sua carteira. Se é avesso aos balanços bolsistas, prefira instrumentos de reduzido risco. Exclua da sua carteira de investimento as ações e todas as aplicações denominadas em divisas estrangeiras, cujo câmbio pode baixar em relação ao euro.
Investir em dívida pública é uma opção racional. Pode escolher a facilidade dos Certificados de Aforro, que, em março, capitalizam a uma taxa anual líquida de 2,3%, ou o maior rendimento potencial das Obrigações do Tesouro, que rendem até 4,5% por ano na próxima década. Os Certificados de Aforro compram-se nos Correios, mas as
Obrigações do Tesouro têm de ser negociadas na bolsa, através de um intermediário financeiro, o que tem custos adicionais.
A figura em baixo revela o ganho anual das Obrigações do Tesouro se as mantiver até à maturidade.
6. A união faz a força
Ser milionário tem claras vantagens. Quem dispõe de avultadas somas para investir encontra-se numa situação privilegiada. Entre outros benefícios, são-lhe oferecidas melhores taxas de juro, as suas despesas são proporcionalmente menos elevadas e goza de uma melhor receção na instituição bancária.
Além de terem menor poder negocial junto da banca, os pequenos investidores que se lançam sozinhos na aventura dos investimentos encontram ainda um obstáculo suplementar: a dificuldade em diversificar as aplicações. A diversificação, que é conseguida através de uma carteira composta por vários títulos, permite reduzir o risco da carteira, mantendo o potencial de rentabilidades.
Se o leitor pretende investir pequenas somas, aconselhamo-lo a participar em sistemas de investimento coletivo, como, por exemplo, fundos de investimento. Através de fundos consegue, tal como a um grande investidor, diversificar as aplicações.
No quadro em baixo pode conhecer 8 fundos que destacamos para investir em 2013. São destinados aos mercados que acreditamos terem um potencial interessante de ganhos para o seu perfil de risco. Se quiser conhecer detalhadamente as carteiras recomendadas de fundos da Proteste Investe, vá a www.deco.proteste.pt/ investe/carteiras-investimento.
7. Não ponha os ovos no mesmo cesto
É fundamental que diversifique a sua carteira de aplicações. Diversificar significa que não deve colocar todos os ovos no mesmo cesto. Isto quer dizer que não deve deter apenas um título ou títulos de empresas cujos lucros dependem de negócios semelhantes.
Por exemplo, numa carteira de ações, não invista apenas em companhias elétricas. Caso aconteça uma mudança estrutural no negócio, como uma alteração no regime legal, o seu património pode sofrer um pesado revés.
Há, no entanto, um limite à diversificação.
É possível abusar da diversificação. Vários estudos académicos apontam que os benefícios máximos da diversificação são alcançados quando o número de ações na carteira fica entre 10 e 15. É isso que aconselhamos aos nossos leitores que querem investir em ações. Menos do que 10 ações torna-se arriscado. Mais do que 15 torna-se impraticável: para os investidores não profissionais, não é possível acompanhar toda a informação relevante.
No quadro em baixo encontra a nossa carteira de ações, construída em função das recomendações dos nossos analistas. Tem atualmente 13 títulos.
8. Não invista no que não percebe
É uma das regras mais básicas que muitos investidores teimam em não seguir: não invista no que não compreende. Se não percebe o produto que uma empresa vende, não compre as suas ações. Se não está à vontade com a bolsa, vá pela via dos fundos de investimentos. Se quer investir em dívida pública mas não percebe como funcionam as Obrigações do Tesouro, compre Certificados de Aforro. Se não percebe a descrição da política de investimento no prospeto de um fundo, não subscreva. Se o depósito a prazo que lhe propõem tem uma fórmula de cálculo para aferir a taxa de juro, troque-o por um depósito de taxa simples.
Mesmo em ativos fáceis de entender, é possível encontrar elevados níveis de complexidade. As sociedades gestoras de fundos complicaram o que antes era bastante simples. Os fundos mais populares e aqueles que os bancos promovem mais ativamente são provavelmente aqueles que não deve subscrever. No quadro em baixo, conheça os fundos mais populares (medido pelo valor do seu património) que merecem a nossa recomendação de venda. Eleja apenas fundos cujo desempenho dependa claramente da evolução dos mercados.
9. Importa o quanto poupamos, não quanto ganhamos
O primeiro passo para uma independência financeira é pagar primeiro a nós. É muito simples: assim que receber o vencimento, invista uma boa parte. Se trabalha oito horas por dia, uma delas deve ser canalizada para poupança. Se assim fizer, a sua taxa de poupança é de 12,5%, superior à média nacional (10,6% em 2012). Embora possa custar no arranque, esse pé-de-meia mensal fará toda a diferença num futuro financeiramente independente: se o agregado familiar poupar cerca de 300 euros por mês com um rendimento anual de 6%, dentro de 25 anos acumulará mais de 200 mil euros.
10. Nunca se endivide para investir
É um pecado capital para o investidor: financiar-se para investir. Se os seus investimentos desvalorizarem, o crédito tem um efeito multiplicador dos prejuízos. Se as suas aplicações subirem, o crédito amortiza o efeito dos ganhos.
Qualquer que seja o resultado dos seus investimentos, os empréstimos para investir nunca têm os efeitos que se desejavam à partida. Só há uma entidade que ganha sempre: o seu banco, quer o investidor ganhe quer perca.