Ano negro para os mercados penalizou o desempenho dos fundos de investimento geridos por sociedades nacionais.
Os fundos de investimento mobiliários geridos por sociedades nacionais não escaparam a um ano negativo para os mercados. Apenas 19 dos 292 fundos, ou 6,5%, conseguiram apresentar retornos reais, ou seja, acima da taxa de inflação de 3,5% do ano passado, segundo cálculos do Diário Económico baseados em dados divulgados pela associação do sector, a APFIPP. Além disso, mais de 70% destes produtos registaram mesmo desvalorizações em 2011.
A instabilidade nos mercados devido à crise de dívida soberana, com a bolsa e a dívida portuguesa a não escaparem ao epicentro da instabilidade, são os motivos apontados para os fracos retornos destes produtos de investimento. "Os fundos não fazem milagres e estão dependentes do desempenho das classes de activos", referiu o administrador da gestora Optimize, Diogo Teixeira, ao Diário Económico, referindo que à excepção da dívida considerada mais segura, como a americana, o ouro e o petróleo, foram poucos os activos a valorizar no ano passado.
Por outro lado, também o facto de a maior parte dos fundos registados na APFIPP investirem maioritariamente em activos portugueses e europeus não ajudou a que o saldo total de 2011 fosse mais positivo. "O foco geográfico da maioria dos fundos está na Europa e no mercado ibérico e pouco nos EUA ou nos mercados emergentes. Não houve a adaptação necessária, porque as classes mais atractivas não se encontram na Europa ou na Península Ibérica", referiu o gestor.
Das 33 classes de fundos definidas pela APFIPP, apenas duas categorias conseguiram apresentar ganhos médios acima da inflação. É o caso dos Fundos de Obrigações de Taxa Fixa Internacional, que inclui apenas um fundo, o Espírito Santo Obrigações Global, com ganhos médios de 6,51%, e dos Fundos de Pensões Abertos que aplicam menos de 5% do seu património em acções. Os seis produtos que fazem parte desta última categoria tiveram todos comportamento positivo em 2011, apesar de apenas dois destes fundos terem oferecido rendibilidades acima de 3,5%. É o caso do Caixa Reforma Garantida 2022, que ganhou 9,51% e do Banif Reforma Garantida, que valorizou 4,45%.
Fundos de acções nacionais perderam mais que o PSI 20
Já os fundos de acções nacionais tiveram o pior desempenho entre todas as classes. Em média, estes produtos perderam 28,67%, o que compara com a desvalorização de 24,38% do PSI 20 Total Return, que contabiliza o reinvestimento dos dividendos distribuídos pelas cotadas. Nenhum dos sete produtos desta classe conseguiu bater o índice. O BPI Portugal e o Santander Acções Portugal foram os que conseguiram limitar mais os prejuízos, com quedas de 26,81% e 26,95%, respectivamente. Já o Barclays Premier Acc. Portugal teve o pior desempenho, sendo o único a perder mais de 30%.
De todos os fundos geridos pelas sociedades registadas na APFIPP, o produto do Barclays teve o segundo pior desempenho. As maiores perdas foram registadas pelo Fundo Especial de Investimento (FEI), BPI Brasil, que desvalorizou 34,50%.
Só três produtos renderam mais de 10% em 2011
Num ano de baixos retornos, apenas três fundos conseguiram oferecer aos investidores ganhos de dois dígitos. Em comum, o facto de serem geridos pela Caixagest. O Caixagest Private Equity (FEI), que investe em fundos de capital de risco, liderou os ganhos, com uma rendibilidade de 16,01%. A segui-lo esteve o Caixagest Rendimento Nacional FEI. Este fundo da classe de protecção de capital e que investe unicamente em títulos de dívida do banco público apreciou 12,82%. A completar o pódio está o Caixagest Rendimento Oriente FEI, que também pertence à categoria de fundos com protecção de capital, com ganhos de 12,81%.
Além destes três fundos, os melhores desempenhos pertenceram ao Montepio Euro Healthcare. O produto que investe em acções de empresas farmacêuticas rendeu 7,63%. A completar o ‘top' dos fundos com melhor rendibilidade está ainda o Santander Multi Taxa Fixa, que está investido em títulos de dívida pública alemã. Rendeu 6,75%.
Fundos que escaparam às quedas
1 - Acções
Entre os produtos que investem em acções foram poucos os que escaparam às desvalorizações. Algumas das excepções foram o Montepio Euro Healthcare que aposta em acções de farmacêuticas e o Santander Acções América. Avançaram 7,62% e 5,70%. A maior aposta do gestor do Montepio é a Sanofi e do Santander é a Exxon-Mobil.
2 - Obrigações
Entre os fundos que investem nesta classe os melhores desempenhos pertenceram ao Santander Multi Taxa Fixa e ao Espírito Santo Obrig. Global. Ganharam 6,75% e 6,51%. O produto do Santander está investido sobretudo em Bilhetes do Tesouro e dívida alemã. O fundo da ESAF também aposta na dívida portuguesa e alemã.
3 - Retorno absoluto
Estes produtos procuram rendibilidades descorrelacionadas do sentido do mercado. Os produtos que mais renderam foram o Santander Carteira Alternativa FEI, que investe em ‘hedge funds', e o BPI Iberian Equities Long/Short FEI, que aposta na queda e na descida de acções ibéricas. Valorizaram 5,07% e 2,74%, respectivamente.
4 - Fundos de pensões
Nos fundos de pensões sob a forma de fundos, as melhores rendibilidades vieram dos produtos mais conservadores e que têm menor exposição ao mercado accionista. O Caixa Reforma Garantida e o Banif Reforma Garantida lideraram os ganhos nesta classe, com valorizações de 9,51% e 4,44%.
fonte:http://economico.sapo.pt/n