Compensa investir em obrigações do Estado?
As obrigações do Estado português têm a maior valorização do mundo desde o início do ano.
O País está a submeter-se a medidas duras para recuperar o acesso ao mercado.Mas os investidores que apostaram em dívida pública portuguesa estão a ter razões de satisfação este ano. Em média, o preço das Obrigações do Tesouro valorizou 50% em 2012, a maior valorização do mundo no universo de dívida soberana, segundo dados da Bloomberg e da Federação Europeia de Analistas Financeiros.
"Nos últimos meses verificamos uma performance positiva das Obrigações do Tesouro nacionais, devido ao maior apoio por parte das instituições europeias, nomeadamente do BCE, para apoio às economias com necessidades de financiamento", constata o ‘head of trading' do Banco Best, Carlos Almeida. Desde o Verão de 2011, pouco tempo depois de Portugal pedir o resgate financeiro, que "o mercado de dívida ganhou definitivamente algum protagonismo", refere o director de negociação da GoBulling, João Queiroz. Um dos activos mais procurados pelos investidores de retalho foram obrigações do Estado e também os títulos de dívida para o retalho emitidos por empresas portuguesas. "Com o recuar das taxas dos ‘super-depósitos' que a banca oferecia no ano passado, as emissões de dívida recentes (a dois e três anos) têm sido procuradas pela perspectiva de um retorno superior (aos dos depósitos)", explica João Queiroz.
Já no universo da dívida soberana, os investidores deparam-se com a escolha entre a maior rentabilidade das obrigações dos países mais arriscados, como Portugal, e as ‘yields' baixas das nações vistas como mais sólidas como, por exemplo, a Alemanha. A escolha do investimento deve se feito tendo em conta o perfil de risco, relembram os especialistas. No entanto, Carlos Almeida refere que "num cenário de resolução política da crise", o diferencial das taxas destes países poderá estreitar, o que implicaria mais valorizações das obrigações dos países periféricos.
Trabalho publicado na edição de 26 de Outubro de 2012 do Diário Económico